HALL, Stuart. Globalização in: Identidade Cultural na Pós-modernidade, p. 67-76, 2000.
Disponível em: http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/hall4.html
RESENHA
No capítulo “Globalização” do artigo “Identidade Cultural na Pós-modernidade” o autor Stuart Hall apresenta uma análise de duas tendências contraditórias da pós-modernidade: tanto a tendência à autonomia nacional quanto a tendência à globalização estão profundamente enraizadas.
Para Hall, o termo “Globalização” sintetiza, por conveniência, um complexo de processos e forças de mudança, que está poderosamente deslocando as identidades culturais nacionais a partir do final do século XX. Já segundo Anthony McGrew (1992), a "globalização" se refere àqueles processos que integram e conectam comunidades e organizações em novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo, em realidade e em experiência, mais interconectado.
Essas novas características temporais e espaciais resultam na compressão de distâncias e de escalas temporais, ou seja, na aceleração dos processos globais, de forma que se sente que o mundo é menor e as distâncias mais curtas, que os eventos em um determinado lugar têm um impacto imediato sobre pessoas e lugares situados a uma grande distância.
A modernidade separa, cada vez mais, o espaço do lugar, que nas sociedades pré-modernas eram amplamente coincidentes. Na modernidade, a "forma visível" do local oculta as relações distanciadas que determinam sua natureza (Giddens, 1990, p. 18).
A idéia de que o espaço pode ser "cruzado" num piscar de olhos, é chamado por Harvey de "destruição do espaço através do tempo".
O autor examina três possíveis conseqüências da globalização sobre as identidades culturais:
1. As identidades nacionais estão se desintegrando, como resultado do crescimento da homogeneização cultural do e do "pós-moderno global".
2. As identidades nacionais e outras identidades e outras identidades "locais" ou particulares estão sendo reforçadas pela resistência à globalização.
3. As identidades nacionais estão em declínio, mas novas identidades híbridas estão tomando seu lugar.
O texto também aborda o argumento de alguns teóricos de que o efeito geral dos processos globais tem sido o de enfraquecer ou minar formas nacionais de identidade cultural. Colocadas acima do nível da cultura nacional, as identificações "globais" começam a deslocar e, algumas vezes, a apagar, as identidades nacionais.
Nesse contexto, a tendência pós-moderna em direção a uma maior interdependência global está levando ao colapso de 'todas' as identidades culturais fortes e está produzindo uma fragmentação de códigos culturais, dando ênfase ao efêmero, ao flutuante e ao pluralismo cultural descrita por Kenneth Thompson (1992), mas agora numa escala global o que poderíamos chamar de pós-moderno global.
Os fluxos culturais, entre as nações, e o consumismo global criam possibilidades de "identidades partilhadas" - como "consumidores" para os mesmos bens, "clientes" para os mesmos serviços, "públicos" para as mesmas mensagens e imagens - entre pessoas que estão bastante distantes umas das outras no espaço e no tempo.
Comentário por Patricia Mayumi Fujita:
Diante do fenômeno da "homogeneização cultural", e a interação entre o "global" e o "local" na transformação das identidades, ao falarmos da sociedade pós-moderna, devemos lembrar que trata-se de um tempo onde os fatos corem simultaneamente, o que resulta na falta de tempo diante ao grande volume de informações simultâneas com as quais essa sociedade se depara.
Nesse cenário, a necessidade de pensar em informação global e ao mesmo tempo pensar nas necessidades individuais, a interdisciplinaridade, onde a comunicação abrange a escrita e a visual, faz com que a interatividade, o acesso à conectividade se tornem indispensáveis nessa sociedade líquida.
Passamos então a falar da importância da tecnologia com visão crítica vinculada a esse mundo de informações onde a memória em grande parte pontual e, em minoria, de maior profundidade, coloca ao gestor da informação o papel de selecionar essa informação, organizar o conhecimento de forma a pensar em atender a diferentes públicos e/ou perfis de usuários, com especial atenção à política de governança uma vez que, dentre todas as novas características da sociedade pós-moderna, as necessidades para o tratamento/gestão da informação deve ser repensado, pois as soluções existentes para as informações escritas da sociedade moderna não atendem mais a organização da informação nessa nova sociedade líquida.
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